Visita ao Inhotim
A visita ao Inhotim foi uma experiência incrível. Apesar de já ter ido anteriormente, ir agora com um olhar mais apurado e atento para a arte foi bastante diferente.
A galeria escolhida pelo grupo foi a Cosmococa, que está muito relacionada com os assuntos discutidos em sala sobre a relação do espectador com a obra, e como ele participa na confecção da mesma. Nesse viés, a galeria existe como obra a partir da experimentação do indivíduo, ela foi feita para isso. Esse aspecto é muito interessante e à princípio chega a ser estranho, visto que estamos tão acostumados com conceitos entregues e arte emoldurada. Ao entrar na galeria percebe-se diversas salas, sem ordem pré-definida, que cada uma possuí um ambiente único, mas que relaciona-se no geral com o tema em comum: música e cocaína. O ambiente interno difere-se completamente do verde abundante externo, sendo que a entrada sem sapatos e o próprio ambiente mais frio cria uma imersão completa. A sensação é de estar entrando em uma casa. A galeria explora os sentidos, trazendo estímulos visuais, sensoriais e auditivos, brincando com as interações e trazendo a concepção da droga. A sala com balões, por exemplo, tem o aspecto sensorial muito forte, uma vez que o chão é composto por uma lona, que tem por baixo uma areia pesada. Assim, a sensação é de estar pesado nos pés, mas ao mesmo tempo interagindo com algo tão leve que é o balão. Estamos presos mas soltos, pés no chão e cabeça ao ar.
Em suma, a Cosmococa intriga, convida e questiona. cada sala é uma nova descoberta e ao mesmo tempo todas se conectam. Na exploração da galeria fiquei pensando bastante no que significava cada coisa, no entanto creio que no fim é mais sobre sentir e experimentar do que encontrar significados. É abstrair.
Outra galeria que eu gostei bastante e que foi a minha preferida é a do Cildo Meireles. Ele também traz em suas obras a questão da experiência, no entanto não é tanta como na Cosmococa. A galeria é composta por 3 obras: Glove Trotter, Desvio para o vermelho e Através. A primeira me tocou bastante, as bolas de tamanho diferente, mas debaixo da mesma malha me faz pensar nas relações humanas. Já a segunda, ela passa uma sensação completamente diferente. Com o ambiente quase todo vermelho há uma imersão que parece outro universo e o caminho para a pia, angustiante e intrigante, leva a um cenário completamente diferente. A angústia e até medo são despertados. Achei muito interessante essa relação construída entre o uso da cor e as sensações despertadas. Por fim, a obra Através foi uma das favoritas do Inhotim inteiro. A exploração dos materias é muito legal, de maneira que a experiência sensitiva é muito rica. Eu nunca havia pisado em vidro e foi uma sensação bem surpreendente. Ver através de cada material evidencia as diferentes perspectivas que são possíveis, e pessoalmente esses materiais se associaram bastante com onde eu vejo eles no cotidiano. Assim, eles passaram a ser não apenas materialidade, mas também possuir um significado próprio.
![]() |
Através |
![]() |
Desvio para o vermelho |
Visitei também outras galerias bem interessantes. O Galpão, por exemplo, possuía uma exposição de diversos vídeos, projetados simultaneamente no espaço, brincando com as misturas de áudio e vídeo. Além disso, a galeria Tunga possuía obras que me saltaram os olhos, no entanto a exposição não condizia muito com o local onde foi posta. Isso mostra como faz diferença a elaboração de um espaço pensado especificamente para a obra, uma vez que é estabelecido assim uma conversa, na qual ambiente e arte se integram, como na Cosmococa ou na galeria da Adriana Varejão. Na Tunga não existe essa integração, de maneira que mesmo as obras e o prédio serem incríveis, não há uma relação entre eles que agrega para a arte.
Por fim, algo que me incomodou na visita foi a dimensão imensa do Inhotim, que torna impossível visitar nem digo todas, mas metade das obras. Chega um ponto que é exaustivo e cansativo, dando fim à experiência. Nesse sentido, creio que essa dimensão "desumanizada", prejudica a percepção do local.
Seguem os desenhos realizados.
![]() |
Desenho da sala de redes da Cosmococa. Esboço realizado no local a lápis e colorido com giz oleoso em casa. Primeira vez que uso esse material. |
Comentários
Postar um comentário