Relato MHNJB

A visita ao Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG foi muito interessante. Nela, foram abordados diversos aspectos, desde a discussão acerca dos objetos, à natureza e trabalhos artísticos.

À princípio, a partir do drops sobre objetos e a leitura e conversa acerca do texto "A Teoria do Não-Objeto" do Ferreira Gullar, foi possível ampliar os nossos conhecimentos sobre a concepção de objetos. Nesse viés, extrapolando a significação e funcionalidade, é abordado uma nova maneira de criação. Ela não está mais presa à moldura e ao pedestal, é livre, mutável e surge, em sua totalidade, através da experimentação humana. 

Falando um pouco agora sobre a Exposição de Arqueologia, foi intrigante visitar o local, principalmente depois da fala do guia acerca de como eram as relações com os objetos na pré-história. Os significados eram completamente diferentes, uma vez que o manuseio dos materiais da natureza e a transformação em objetos eram sagrados. Assim, essas peças/instrumentos, tinham uma ligação espiritual, principalmente em relação a quem o produziu. Isso pode ser observado nos rituais funerários, nos quais eram enterrados também dos objetos dos indivíduos, além de que eram feitos vasos funerários, nos quais eram postos os corpos. Percebe-se a importância, para além da função, que os materiais possuíam. 

Outra coisa que me intrigou bastante foi observar o tratamento manual e artístico em certos objetos, como pode ser observado nas fotos abaixo. Desmistificou bastante a visão, internalizada em mim, que compreende a atualidade como inovadora e superior em relação às anteriores. Nesse sentido, perceber como técnicas artísticas foram desenvolvidas muitos anos antes e que o que é possível desenvolver hoje é um legado de tudo isso foi muito interessante. Fiquei um tempo no museu imaginando as pessoas que realizaram esses trabalhos manuais, e foi muito tocante. Creio que existe também uma certa animalização dos seres humanos desses períodos, e observar os vasos me mostrou como eles foram humanos como eu, com sentimentos, com criatividade, com capacidade e com dons próprios. 





Já a visita ao Presépio do Pipiripau foi bem diferente da anterior, trazendo aspectos mais pessoais do artista Raimundo Machado. Foi muito interessante ver todo um trabalho de vida de uma pessoa, que colocou tanta energia e recursos no presépio. É admirável o esforço colocado por ele na obra, visto claramente nos bonecos feitos manualmente e na casa de máquinas, estrutura incrível, que vista de fora impressiona todos pelo seu funcionamento impecável. É ainda mais extraordinário pensar que tudo antes era feito manualmente. Quando ligado, os movimentos entram em sincronia e mostram toda a história de Jesus de uma maneira que surpreende quem observa. É um legado muito bonito deixado por Raimundo e com certeza é possível ir de encontro à sensibilidade do artista.  


Por fim, só queria destacar a beleza natural do Museu. Realizando uma comparação com o Inhotim, percebe-se que no caso do Museu as plantas, a natureza e os animais crescem livremente, conservando assim o estado natura. No entanto, no Inhotim a natureza é quase que de plástico, controlada e regrada diariamente ela segue regras de padronização que formam uma paisagem linda, porém, praticamente artificial. 


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